15 de dezembro de 2010

Talvez


estar sempre com frio é
como o caminhar à noite só sem luzcomo a árvore que olha com raiva a tempestade
talvez mesmo como a cama
que conserva apenas as formas já desfeitas
dos corpos que nelas se deitam

depois com o ventoé a saudade das madrugadas doutros tempos
quando o simples descer uma escada
era a mais extraordinária das aventurasquando a certeza de encontrar uns braços abertos
estava evidente no fundo da escuridão

então tudo era simples muito belo
qualquer palavra tua
era a mais maravilhosa das afirmaçõesqualquer gesto que fizesses
era o mais belo movimento de amor
caminhar ao acaso
era a grande viagem sempre renovada todos os dias
e à noite
não havia frio como agora
mesmo que o mar nos cobrisse de algas
mesmo que a areia
trouxesse consigo o gelo das mais remotas estrelas

agora amor escuto o teu olhar
através da distância cada vez maior e mais alucinanteque nos separa
escuto-o através da ponte
que formaram os caminhos por nós percorridos um dia
vejo-te como partiste
muito pura flores na testa mãos abertas
igual às madrugadas doutros tempos
igual à grande aventura
de caminhar ao acaso...

By Pérsio

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